De acordo com especialistas, que se reuniram, neste fim-de-semana, para discutir o assunto, em um Simpósio na Harold Washington Library Center, não há dúvida que sim.
Por mais de 3 horas ininterruptas, os aficionados em Jackson tocaram músicas, mostraram vídeos, contaram histórias e analisaram uma das carreiras mais produtivas da música americana - embora curta devido a trágica morte prematura do cantor, aos 50 anos de idade.
Com uma multidão de admiradores de Jackson fazendo fila uma hora antes antes do início, os conhecedores do assunto falaram ao público sem medo de usar a "palavra que começa com g".
"Ele É um gênio." Proclamou o produtor Harry Weinger, se recusando a usar o Passado.
Como prova, Weinger tocou algumas músicas de gravações antigas de Jackson - muitas inéditas - retiradas do cátalogo do Jackson 5 na Motown, com o qual está trabalhando para um re-lançamento. Em cada trecho podia-se ouvir Jackson, ainda criança, cantando como o prodígio que era.
O ponto alto foi uma versão a cappella de "Never Can Say Goodbye", no qual um Jackson pré-adolescente canta como um mestre. Sem os benefícios do apoio instrumental e rítmico, Jackson mantém o tempo com facilidade, mas também encontra formas de alongá-lo. Ele infalivelmente mantém o tom da voz, até decidir modificá-lo para torná-la mais expressiva.
O tom intenso da voz de Jackson, os "oohs" e "aahs" que ele improvisa em momentos chave da música, a clareza de sua voz de tenor, simplesmente desafia a explicação racional. Ninguém com menos de 12 anos tem capacidade de cantar assim, com tanto ardor e conhecimento musical, sem que tenha sido agraciado com um presente extraordinário.
Os talentos de Jackson, é claro, o tornaram um objeto de adoração no mundo todo. Essa atenção esmagadora talvez seja a explicação para algumas idiossincrasias de sua personalidade.
"Ele era extremamente tímido". Disse o tecladista Greg Phillinganes, que gravou e viajou em turnê com Jackson.
"Você pode se perguntar 'como ele era tão tímido?'" Perguntou Phillinganes
ao apontar para um artista que parecia destemido no palco. "Se você fosse perseguido (por fãs), e tivesse que correr para salvar a pele, desde os 11 anos de idade, você também seria um pouquinho diferente".
"O verdadeiro Michael Jackson era o homem que estava em frente ao microfone". Explicou Phillinganes. "Principalmente dentro do estúdio de gravação, aonde ele deixava toda aquela música gloriosa fluir dele, sem vertigem ou inibição".
Quando Jackson estava gravando "She’s Out of My Life", com Phillinganes ao teclado, eles tiveram que regravar o final diversas vezes. "Ele chorava no final da canção... e era um choro verdadeiro". Relembra Phillinganes.
Todos no Simpósio, que foi organizado pelo Center for Black Music Research at Columbia College Chicago, concordaram que Jackson estava presente durante todo o processo de gravação de cada material seu.
Apesar de não tocar instrumentos – com exceção da bateria – ele sempre "cantava os trechos da percussão e do baixo", além de outros detalhes, relembra Siedah Garrett, cantora que escreveu "Man in the Mirror" com Jackson e que fez dueto com ele no single "I Just Can't Stop Loving You".
Apesar de todo o envolvimento de Jackson com os aspectos musicais e a produção dos seus projetos, ele frequentemente estragava as sessões de gravação de brincadeira.
"O Michael tinha como meta pessoal fazer os outros artistas se atrapalharem". Relembra Garret, com uma risada. "Ele cantava a parte dele. Então quando eu ia cantar, ele jogava amendoins em mim. Aí o Q (Quincy Jones) dizia (para Garrett) 'Você está gastando o nosso tempo no estúdio'".
O efeito acumulativo de todas essas lembranças se provou emocionante para a plateia, que já reverenciava Jackson.
"Ele me proporcionou a trilha sonora da minha vida". Disse um expectador aos que estavam no palco, uma fila que incluía o baterista de Jackson, Ricky Lawson e o executivo Ed Eckstein.
Ao final da noite, Oscar Walden Jr., de 79 anos, produtor de TV e rádio, levantou de sua cadeira na plateia, se apoiou em sua bengala, e se preparou para ler um poema que escreveu para Jackson.
Ao final ele disse, "Eu amo você, Michael", para o público que ficou em silêncio. "Ele era um gênio".
Créditos: The Essential
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